No dia 31 de Julho de 2009, o presidente do SINDISAÚDE João Menezes postou uma resposta a um texto de Políbio Braga, veiculado no Jornal O SUL, que defendia interesses de grupos privados que pretendem comprar os Hospitais da ULBRA além de fazer insinuações em relação à atuação dos sindicatos da saúde no episódio da ULBRA e da gripe A. A resposta foi publicada no Blog do referido Jornalista.
Ora, aqueles hospitais estão fechados. Seus controladores devem a sociedade, enquanto credora das dívidas que o hospital tem com a união. Seus trabalhadores estão em casa enquanto seus ativos trabalhistas são negociados a peso de banana para que um novo dono passe a administrar a realização de procedimentos de saúde que são financiados majoritariamente pelo SUS.
O presidente do SINDISAÚDE defende a abertura imediata dos hospitais da ULBRA e seu uso para dar atendimento aos pacientes da gripe A. Isto evitaria o contato entre doentes vulneráveis com os contaminados com a nova gripe.
É uma sugestão pertinente, num momento em que, por exemplo, o Hospital de Clínicas pede 50 respiradores ao Ministério da saúde e não receberá mais de dez aparelhos. Pessoas estão morrendo de inúmeras patologias por falta de leitos que tem sido ocupados também por pacientes com complicações decorrentes da gripe A. Enquanto isso, os leitos estão vagos e profissionais da ULBRA aguardam em casa recebendo salários. O mercado de saúde privada, que drena recursos do SUS, vais se ajustando para que algum de seus atores, todos brigando no momento, assuma a gestão dos cerca de 100 milhões de reais que eram repassados por ano para esses hospitais pelo Sistema Único de Saúde.
Eis a integra da resposta que postei no blog do senhor Políbio Braga:
Cada um dos comentaristas que apóia a posição do senhor Políbio Braga é um membro da classe média brasileira. Grande parte desta, historicamente, vive sem preconceito de ideologia, vinculada ao Estado de forma direta ou indireta.
Políbio, como qualquer jornalista, defende seus patrocinadores. Curioso é que liberais tão radicais e partidários, por suposto, da autonomia e racionalidade individual, vejam em todos os sindicalistas meros autômatos agindo em defesa de interesses ideológicos da esquerda. Até para ser coerente com seu liberalismo, deveriam perceber que cada sindicato e cada sindicalista têm uma identidade única e de acordo com ela se pauta.
A gestão da epidemia da gripe A vem sendo feita a partir de um critério político. Ou seja, dado o fato técnico de que a contagem final de vítima será inferior aos da gripe tradicional, o Secretário Osmar Terra rifa as vítimas da gripe A entre profissionais da saúde e a população vulnerável a um vírus novo que matará pessoas que não morreriam da gripe comum.
Esta é a questão central. Têm-se um índice de mortalidade que afeta claramente um novo grupo de risco que inclui as gestantes, obesos e, sim, profissionais da saúde. Estes óbitos irão se somar aos cerca de 900 casos de óbitos da gripe comum de cada ano. É verdade que as vítimas vêm diminuindo com a política de imunização. Porém, explique a sociedada e aos familiares das gestantes mortas, dos profissionais da saúde em UTIs e dos que eram considerados imuno-competentes.
Consideremos que os profissionais da saúde se tornam resistentes a maioria dos antibióticos por respirarem em ambientes onde todos os antibióticos, dos mais tradicionais, aos de última geração, são usados e manipulados diariamente. Consideremos o fato de que uma mutação do vírus pode gerar uma nova onda epidêmica com maior letalidade e poderemos ter uma idéia do que estamos enfrentando.
Então não é por interesses coorporativos que se defende a abertura dos hospitais da ULBRA. A questão é o uso racional dos recursos disponíveis em nome da saúde pública.
Comunicadores sociais, como o senhor Políbio, opinam sobre a pertinência de se comprar ou vender empresas profundamente endividadas com o contribuinte e acusam sindicalistas de confundirem seus interesses como dos administradores de recursos públicos, camuflados eminstituições mascaradas de filantropias. Será que logo ali os compradores não se converterão em potenciais candidatos a darem farto patrocínio a certos jornalistas. Logo os controladores de empresas que poderão ser saneadas a custa de renúncia fiscal.
Parece ser tudo uma questão de interesses num jogo de mercado em que bens públicos são considerados ofertas de baixo custo para serem negociadas a um alto custo no mercado privado.
Vejamos: A grande maioria dos hospitais privados e planos de saúde são financiados com significativa parcela de recursos da sociedade desviados na forma de impostos investidos em ações de saúde. Ou seja, tem convênio com o Sistema Único de Saúde - SUS.
De outra parte respondamos: Onde são atendidos os usuários de serviços de urgência, agravos a saúde de origem externa como acidentes de carro e a violência contemporânea? Na Unimed? No Mãe de Deus? Na PUC? Não. Pode ser um mendigo ou a governadora Yeda. Todos vão ao HPS, financiado com recursos do SUS, portanto de todos nós. É assim com as hemodiálises, com os transplante e todos os procedimentos caros que só são cobertos pelo SUS, como o programa do HIV/AIDS.
O que os membros da classe média pagam, com renúncia fiscal, aos planos de saúde é apenas o acesso a especialistas consagrados na prática do SUS e que lhes cobram caro no mercado privado de saúde. Em tudo o mais, das vacinas, ao tratamento ao HIV e transplantes, os ricos e os remediados, como eu, se beneficiam do SUS.
Portanto não façam acusações genéricas aos sindicalistas que são trabalhadores da saúde. Isso não faz justiça nem a sua própria ideologia. O Presidente João Menezes é um Técnico em Segurança do Trabalho, honesto e honrado que certamente tem uma renda mensal muito inferior as verbas de patrocínio que pagam o sustento de jornalistas como o senhor Políbio Braga.
Estas acusações generalizadas nivelando por baixo e tratando todos como iguais lembra o stalinismo que lhes causa tanto pavor. Por favor, respeito! Exatamente aquele que esperam e recebem de minha parte.
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