quinta-feira, 2 de junho de 2011

EM SESSÃO CAÓTICA SENADO DERRUBA MP 520, QUE CRIARIA EMPRESA PARA GERENCIAR HOSPITAIS UNIVERSITARIOS

Em uma sessão em que os ânimos dos senadores se exaltaram, marcada pela troca de agressões mútuas, a oposição conseguiu derrubar duas Medidas Provisórias (MPs), que perderam a validade à meia-noite desta quinta-feira. Caducaram a MP 520, que criava a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, nova estatal que administraria os hospitais universitários, e a MP 521, que reajustava o valor da bolsa para médicos-residentes.

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que a oposição "foi míope ao escolher a saúde como alvo para brigar com o governo", referindo-se ao conteúdo das MPs que caducaram. Segundo o líder, agora o governo vai buscar soluções para diminuir o prejuízo com a perda das MPs.

O ambiente já estava tenso por causa da votação da MP 517, a chamada MP Frankenstein, que demandou seis horas de discussão por causa da obstrução oposicionista. Depois, a temperatura subiu porque o governo descumpriu o acordo de votar a MP 521 - que elevava para R$ 2,3 mil a bolsa dos médicos-residentes - antes da polêmica MP 520. A partir de então, os senadores da oposição começaram a se revezar na tribuna, prolongando o debate da MP 520, a fim de estendê-lo até a meia-noite.

Por volta das 23 horas, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi ao microfone pedir respeito do tucano Flexa Ribeiro (PA), que provocava sistematicamente a presidente da sessão, Marta Suplicy (PT-SP). "Vossa Excelência está faltando ao respeito com a presidenta, está passando dos limites", protestou.

A sessão chegou ao clímax por volta das 23h20, quando o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) apresentou requerimento para encerrar o debate e iniciar a votação da matéria. Na direção dos trabalhos, Marta ignorou os pedidos de "pela ordem" da oposição e colocou o requerimento de Crivella em votação, sem abrir a discussão. "Requerimentos não são discutidos, são votados", justificou. Em seguida, ela passou à votação da MP 521.

Nesse momento, o plenário do Senado entrou em clima de histeria coletiva. Oposicionistas e governistas, todos falavam ao mesmo tempo e ninguém se entendia. O líder do DEM, Demóstenes Torres (GO), gritava "vergonha, vergonha", o senador Flexa Ribeiro advertia "na marra, não vão levar não", enquanto o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), se dirigia a Marta: "A senhora respeite esse plenário". Na condução dos trabalhos, Marta se fixava nas explicações da secretária da Mesa, Cláudia Lyra, fingindo-se alheia ao caos do plenário.

Faltando 20 minutos para a meia-noite, a sessão foi suspensa por cinco minutos a pedido do líder do governo, Romero Jucá. "Vamos suspender a sessão para acalmar os ânimos", apelou, apontando o cansaço, o nervosismo e o excesso de responsabilidade como causas do tumulto. A oposição ainda propôs votar a toque de caixa, simbolicamente, apenas a MP que reajustava a bolsa dos médicos-residentes, mas o governo recusou.

Ao final, Alvaro Dias lamentou o ocorrido: "Na violência, na truculência, perdemos todos. O rolo compressor não pode ser um instrumento cotidiano nas relações congressuais". Demóstenes Torres chamou a atenção para a responsabilidade dos líderes de conduzir uma votação sem agressões físicas e morais. "Podemos ter divergências, posições contrárias, mas, se continuarmos nesse diapasão, vamos voltar ao tempo em que os senadores compareceriam armados a essa Casa", advertiu.
Fonte: Site YAHOO
Emerson Pacheco

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