quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Os trabalhadores e o SOS Hospitais Filantrópicos


Quando se trata de saúde, não podemos fazer distinção entre o capital e o trabalho. O que está em jogo é a vida da população. Fazer parte do movimento SOS Hospitais Filantrópicos é um dever de cada um. No contexto de falta de recursos para o setor, nós os profissionais estamos perdendo postos de trabalho e também por isto é urgente que esta situação mude.

De janeiro a julho deste ano, 373 trabalhadores da saúde da Região Metropolitana de Porto Alegre foram demitidos e 464 pediram demissão. Isto apenas em 12 hospitais filantrópicos da base do SINDISAÚDE-RS. Nos outros 227 de todo RS, os números devem ser bem maiores.

A rotatividade na área, além de nociva ao atendimento da saúde, causa grande insegurança ao profissional. O mais grave, no entanto, é que os baixos salários pagos aos trabalhadores não graduados estão empurrando este contingente para outras áreas de atuação, fora da saúde.

As demissões geralmente estão ligadas ao corte de custos a que os hospitais filantrópicos vêm lançando mão ao longo do tempo. Este quadro, por si só, já configura um colapso do setor.

Entre os países que integram o G-20, o grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Européia, o Brasil é o que menos investe em saúde proporcionalmente ao seu PIB: apenas 3,2%; Bolívia, Argentina, Uruguai, Venezuela, Colômbia, África do Sul investem entre 5% e 5,5%. EUA e Cuba: 6,25%; Japão, Austrália, Inglaterra, Portugal, Canadá, França, Alemanha investem 8,1% em relação ao PIB.

Nos países no mesmo patamar do Brasil 70% dos gastos e investimentos em saúde são cobertos com recursos públicos, dos respectivos orçamentos. Aqui, apenas 41,6% dos recursos da saúde têm origem nos diversos níveis de governo.

O Orçamento da União para este ano destina R$ 68,5 bilhões em ações e serviços de saúde. O valor é baixo, segundo avaliação do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde, para quem seriam necessários mais de R$ 100 bilhões para o setor.

Em um país onde se prioriza a construção de estradas, o investimento em energia e telecomunicações e onde a precarização da saúde é notória, perde a população, pedem as instituições hospitalares e perdem também os trabalhadores do setor. E é por isso que nós do SINDISAÚDE-RS e a FEESSERS, a Federação que nos abrange, estamos ao lado dos trabalhadores na busca de mais recursos para os hospitais filantrópicos.

Gilmar França – Presidente do SINDISAÚDE-RS

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