Os
Partidos Liberais e de Esquerda são todos iguais?
A
avaliação de Olívio só pode ser reparada pelo pensamento conservador ortodoxo.
Mesmo os partidos liberais e de centro estão incluídos na perspicaz avaliação
do nosso ex-governador. Do ponto de vista de um compromisso radical com as
instituições democráticas, todos os partidos brasileiros sofrem dos males que
Olívio julga danosos ao PT.
Mesmo
que reconheçamos que o PT no governo soube inovar e alinhar o ciclo de expansão
da economia com a necessária proteção social e distribuição de renda prevista
desde a constituição de 1988. Aqui é que certamente os críticos de Olívio, no
âmbito da esquerda irão centrar seus argumentos. Mas ele não nega e também não
trata dos êxitos práticos da bem sucedida coalizão liderada pelo PT desde o
primeiro governo de Lula. A tese de Olívio é relacionada aos princípios e aos
limites que podemos impor as concessões relativas aos meios que se usam como
justificativas para chegar a um fim. Ele trata do dano que a hipocrisia pode
fazer aos princípios que animam as práticas políticas.
O
que um conservador honesto poderia opor ao argumento de Olívio é que a ideia de
um compromisso programático e de princípios com o bem comum seria utópica e
irreal. No PT, no PR no PCdoB ou no PSDB. Estes, e todos os demais são partidos
constituídos por indivíduos humanos, uma espécie que carrega desejos e
necessidades imoderadas, contraditórias e irreconciliáveis. Para um conservador
realista o ideal iluminista que anima militantes liberais e socialistas teria
um vício de origem: A ideia judaica cristã de redenção da humanidade na
história.
Embora
esta fé seja generalizada há poucas evidências a favor de suas premissas. Como
qualquer outro mito, ela serve as necessidades da espécie humana. No entanto,
não torna a vida e a natureza humana diferente do que tem sido desde a aurora
da civilização.
Certamente
a anestesia e o saneamento básico são conquistas da tecnologia que melhoraram a
existência humana. Mas também foi o avanço tecnológico que permitiu o
holocausto nazista e os gulags soviéticos, bem como as armas de destruição em
massa - atômicas, químicas e futuramente as genéticas.
Podemos
estar vivendo uma aurora tecnológica sem par na história. Mas para não para os
sete bilhões de habitantes do planeta. A tecnologia tem beneficiado milhões de
pessoas, mas escravizado e aviltado outros tantos.
Um
programa realista para um partido político, embora mais necessário do que
nunca, não existe na agenda política global. A humanidade infesta o planeta
como uma praga. Logo o hospedeiro deve reagir a infecção e a carga humana sobre
o bioma terrestre será aliviada. Exatamente da mesma forma que nossos
anticorpos reagem a uma bactéria ou vírus. A hipótese de que o planeta inteiro
é um organismo vivo e de que a humanidade deveria buscar uma humilde integração
ao ecossistema é rechaçada por todos os espectros políticos atualmente.
A
ideia de que o planeta existe como uma fonte de recursos para satisfazer as
intermináveis necessidades humanas é oriunda de um mito religioso. Informa o
pensamento iluminista de modo geral e é com a religião e a escatologia
milenarista que liberais e socialistas tem uma dívida em comum.
Somente
este reparo pode ser feito ao autêntico progressista, libertário e utópico que
é o respeitável e honesto Olívio Dutra. Os demais devem curvar-se a sua
análise. Ela certamente condena a atual agenda política em geral por suas
iniquidades inerentes. Se fosse de fato uma condenação aos petistas, endossaria
uma esperança na humanidade que não encontra amparo nos fatos.
Se
a história pode ser um guia razoável, devemos abandonar a esperança de que
algum partido, segmento ou vanguarda social possam ser redentores da
humanidade.
A
iniquidade é nossa outra face. Com frequência e sem dificuldades lhes damos a
cara de nossas necessidades inadiáveis. Então, lutamos ferozmente pelo poder. Desvirtuamos
as instituições que nós mesmos criamos, instalamos o caos no que separa o
discurso da prática, o deve ser do que é... Transformamos, enfim, qualquer meio
em ferramenta para o fim louvável de reformarmos a humanidade.
Para
falar e dialogar discordando de alguém que é reconhecido por não conceder
nenhuma forma flexibilização dos princípios em nome dos fins, somente um
pensamento autenticamente conservador e cético. Coisa que, atualmente, é rara
no Brasil e na maior parte do mundo.
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