O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que investe grande capital político em sua promessa de reformar o sistema de saúde, afirmou ontem a líderes religiosos que a cobertura médica universal em seu país é uma "obrigação moral".
"Algo que todos vocês compartilham é uma convicção moral. Vocês sabem que este debate sobre o cuidado de saúde aponta diretamente ao que somos como povo", disse ao início de uma videoconferência com líderes do Conselho Nacional de Igrejas americanas.
Obama respondeu às acusações de "falsidade" feitas pelos opositores da reforma para sabotar o que considera ser "uma chave obrigação ética e moral de zelar pelo próximo... onde, atualmente, na nação mais rica da Terra", esse dever é ignorado.
A teleconferência faz parte da campanha da Casa Branca, liderada pelo próprio Obama, para convencer o Congresso e a opinião pública da urgência de aprovar um plano que melhore a quantidade e qualidade da cobertura médica e barateie os custos de saúde no país.
Só que o plano reformista se deparou com a resistência da oposição republicana e grupos aliados, que fazem de tudo para pintá-lo como um esforço "socialista".
Na mensagem a líderes judeus, evangélicos, protestantes e católicos, cuja transcrição foi divulgada pela Casa Branca, o líder reiterou o que disse na disputa em 2008, no sentido de que o acesso à saúde é um direito, e não um privilégio.
"Acho que ninguém nos EUA deve ser privado de um cuidado básico de saúde só porque não tem seguro médico. E ninguém deve ficar à beira da ruína financeira porque uma seguradora negou cobertura", insistiu.
Como já fez em assembléias populares, Obama criticou a campanha de "desinformação" e "ataques" sobre o debate da reforma sanitária, no qual alguns inclusive "apresentam falsos testemunhos".
Ele explicou que seu plano pretende, sobretudo, dar cobertura "acessível" às mais de 46 milhões de pessoas que não têm seguro médico; reduzir os preços dos seguros e melhorar a qualidade dos serviços.
Esse número não inclui as milhares de pessoas que têm cobertura precária. Calcula-se que um terço da comunidade latina nos EUA não tenha um plano de saúde, mas a reforma, se for concretizada, negaria cobertura aos imigrantes ilegais.
Atualmente, muitas seguradoras negam cobertura por certas condições pré-existentes ou impõem limites ao que podem pagar.
Por isso, explicou Obama, uma eventual reforma melhoraria as opções para os pacientes, eliminaria os limites "arbitrários" nos benefícios de saúde e obrigaria as seguradoras a cobrir os serviços preventivos e as revisões de rotina, entre outros elementos.
Ele insistiu em que com a reforma ninguém perderá nem o seguro nem o médico que já tem, se assim desejar. O líder também chamou de "falsidades" os argumentos de que seu Governo pretende financiar os abortos, fornecer seguro aos imigrantes ilegais ou ditar a cobertura dos idosos em seu leito de morte.
Para combater as "táticas de medo", pediu a ajuda de líderes das comunidades de fé para que "batam em portas, falem com seus vizinhos e disseminem os fatos e falem a verdade".
O Congresso retomará o assunto no mês que vem. Por enquanto, três comissões da Câmara de Representantes e uma do Senado votaram sobre diferentes versões da reforma de saúde, mas falta um longo caminho para pactuar um texto.
Obama deve continuar sua ofensiva a favor da reforma amanhã com um ato em Washington perante militantes da rede Organizing for America, o braço de mobilização de bases da Comissão Nacional Democrata que o ajudou a vencer as eleições.
Por Emerson Pachceco
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