Lamentamos profundamente o fato ocorrido na noite de ontem. O atual clima de tensão na política gaúcha nos leva a temer por uma conjuntura adversa para o diálogo e a superação dos impasses pelo desenvolvimento da boa política. Até o momento podemos resumir para nossos leitores as seguintes informações:
Hipótese de Assalto:
O Secretário Eliseu reagiu rápida e muito fortemente. Ele defendia sua vida. Acreditava que não era apenas a posse do veículo que estava em jogo. Se foi assalto, houve um erro de interpretação de Eliseu. Pensando que iria morrer executado e que sua mulher e filha pereceriam com ele, disparou desesperadamente na ânsia de salvar a si e a sua família. Para ele não pareceu ocorrer a hipótese de entregar o carro e ser poupado. De qualquer maneira seria uma coincidência muito improvável.
Hipótese de execução:
Houve falha no planejamento. E a execução parece ser mais passional do que encomendada, pois não há indícios da tradicional frieza do matador de aluguel.
De qualquer maneira a proliferação de teorias vai aumentar a medida em que a polícia demorar muito em encontrar os criminosos. Nesses casos seria mais lógico a prisão ser efetuada logo, pois um dos atiradores saiu do local ferido.
Confiamos na investigação policial. Esperamos que pelas características do evento registradas até o momento as prisões ocorram rapidamente. Embora já tenhamos indiciados e presos provisoriamente, a demora na investigação dos responsáveis pelo assassinato de Marco Antonio Becker não deve se repetir neste caso.
2 comentários:
A VIDA IMITANDO A ARTE
No cinema, nos filmes de suspense, sempre a ordem da linha investigativa dos crimes envolvendo personalidades públicas, parte da autoridade executiva, muitas vezes deixando os policiais e peritos em situação difícil, pois devem procurar pistas que levem um crime a ter as conclusões de interesse das autoridades. Falamos isso porque, a linha de investigação da polícia gaúcha, no caso da morte do Secretario Eliseu Santos é pelo latrocínio, roubo seguido de morte. Não podemos achar que a nossa polícia é despreparada a ponto de não saber que essa é a hipótese menos provável, acontece que essa é a linha definida pelas autoridades e como subordinados os policiais e peritos vão investigar prioritariamente nessa linha.
Todas as pessoas que a gente fala, que leram sobre o crime, que sabem da vida de Eliseu Santos, dizem que isso foi uma execução ( crime por encomenda), só que as pessoas tem a leitura do raciocínio desinteressado.
Um homem importante, portando uma arma, com ameaças de morte e sendo investigado por corrupção e desvio de verbas públicas, foi abordado por duas pessoas armadas que não anunciaram assalto. Parece simples, não para o poder executivo, que não pode ter como o centro da investigação o ambiente profissional do secretario, a investigação deve ocorrer na periferia.
É um caso delicado, emblemático, seria muita pressão se a investigação fosse como primeira hipótese execução, se for essa a intenção menos mal, até que é bom que a investigação aconteça sem muita tensão.
Obrigado pelo comentário perspicaz e bem construido. Acredito que por instinto a hipótese que mais distanciar as motivações do crime da atividade política da vítima serão as mais favoráveis aos correligionários e líderes de Eliseu.
Me preocupa o fato de a política redundar no inverso de sua função. Ela existe para que a violência se torne obsoleta. Este parece ser o caminho inverso do direito: QUANDO A VIOLÊNCIA SE INSTAURA CONTRA AS POSSIBILIDADES DO DIÁLOGO.
O monopólio do uso da força é quebrado e grupos passam a exercer seu poder na sociedade por seu potencial de eliminar desafetos.
Curioso é que as brechas no sistema legal, em sua isonomia de aplicação, propiciadas pelo mau desempenho do legislativo é que propiciam o uso da violência contra os próprios políticos. É como uma conseqûência inesperada da politicagem que se volta contra os políticos.
Em qualquer sociedade em crise institucional é muito perigoso ser um lider político, para o bem ou para o mal...
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