impedem prestação de atendimento com segurança
Após o segundo caso em seis meses, no mesmo hospital, de paciente que
teve alimento injetado na veia, um deles com morte, o Sindicato dos
Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e
Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do Rio Grande do Sul
(Sindisaúde-RS) adverte para o risco da ocorrência de mais situações
do tipo. O presidente Gilmar França ressaltou que o problema se tornou
rotineiro nos últimos anos, em razão dos problemas enfrentados pelos
profissionais da saúde. Conforme ele, não há condições de prestar um
atendimento com segurança nos hospitais do Estado.
Entre as deficiências encontradas estão sobrecarga de trabalho, em
razão de má organização, profissionais afastados por problemas
psicológicos e falta de interessados em atuar nas instituições. França
sustenta que há uma evasão na área devido a fatores como ambiente de
trabalho, com os técnicos e enfermeiros lidando com mortes e
sofrimento, além do estresse da rotina extensa e salários baixos.
Ele fala que a categoria não há lei garantindo à categoria piso
salarial ou jornada de trabalho, o que ainda é uma reivindicação.
Atualmente, a jornada é de 36 anos na maior parte das instituições. O
sindicato pede redução para 30 horas. A média salarial, segundo o
sindicalista, é de R$ 750 para técnicos e R$ 2 mil para enfermeiros,
sendo que em alguns locais fica abaixo.
Em relação aos casos de erro registrados no Hospital São Vicente de
Paulo, em Osório, em novembro e nessa semana, França deixa claro que o
sindicato não quer justificar os fatos e é favorável à investigação
para apurar as circunstâncias e punir os responsáveis. Na próxima
semana ele deve comparecer ao local junto a representante do Conselho
Regional de Enfermagem (Coren). O presidente esclarece que, além do
dano à paciente e à família dela, a profissional que cometeu o erro
também sofre abalo emocional, o que pode fazer com que desista da
carreira.
O titular da Delegacia de Osório, delegado Antônio Ractz, já está com
o prontuário da paciente e deve começar a colher depoimentos na
segunda-feira. Ele descartou a possibilidade de o erro ter sido
cometido por excesso de trabalho e adiantou que a técnica pode ser
indiciada por lesão corporal culposa ou homicídio culposo, quando não
há intenção, no caso de falecimento da vítima.
Na quarta-feira, Elsa Erica Linck, de 91 anos, internada em razão de
hérnia no estômago, teve alimento injetado na veia, ao invés da sonda
destinada a esse fim. O erro foi cometido por uma técnica em
enfermagem, que após, pediu demissão. A paciente foi transferida para
o Hospital de Tramandaí, onde segue na UTI.
Em novembro de 2012, José Antônio da Silva, de 91 anos, morreu após
ter sido vítima do mesmo erro, na mesma instituição, cometido por
outra técnica em enfermagem. Após investigação da polícia e confissão
da profissional, ela foi indiciada por homicídio culposo.
Camila Kila/Rádio Guaíba
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