O grau de complexidade em um sistema é medido pela quantidade de variação possível dentro deste mesmo sistema. Em saúde temos inúmeras tarefas que precisam ser efetuadas por vários profissionais, com responsabilidades delimitadas dentro de um protocolo muito específico. Ou seja, um único resultado é esperado: o melhor possível para o paciente. No entanto inúmeras intercorrências podem comprometer a segurança do paciente e da equipe.
Desta forma, não é complexo apenas o procedimento médico em uma instituição de saúde. Fatores externos com a jornada de trabalho dupla ou em várias instituições, falha no monitoramento das condições psíquicas dos membros da equipe, salários em atraso e assim por diante. Tudo interfere no resultado final e é por isso que eu me pergunto:
A sociedade que tem tanta curiosidade para saber das causas de um desastre aéreo (que afetam alguns milhares de pessoas todos os anos no mundo) tem a mesma curiosidade para saber o que ocorre com os cerca de 200.000 trabalhadores, no RS e dos nove milhões de trabalhadores saúde em todo o país?
Nós pagamos seguros de saúde e impostos para termos um bom atendimento, seguro e de qualidade. Mas será que as distorções nas condições de trabalho não colocam o segurado em risco?
Vejamos: Há distorções que obrigam os médicos (que recebem cerca de 5 mil reais por uma jornada de 20 horas semanais) a terem vários empregos para manter seu padrão de vida. Há a distorção que obriga a maioria dos trabalhadores intensivistas da enfermagem a trabalharem por cerca de 800 reais por mês para uma jornada de 36 horas semanal. Há os trabalhadores com salários atrasados. Há os trabalhadores que fazem manutenção sem o equipamento e insumos adequados. Há a falta de monitoramento e controle em relação ao conjunto de riscos a que estão expostos os trabalhadores da saúde como um todo.
Precisamos lembrar a sociedade que o setor a saúde há alguns anos ultrapassou a construção civil em número de acidentes de trabalho. Precisamos lembrar a sociedade que o Conselho Federal de Medicina publicou pesquisa em que se constata que as doenças da população em geral são de maior incidência quando considerada somente a população de profissionais médicos. Pasmem, há clinicas especializada em tratar médicos dependentes de substancias psicoativas.
E principalmente, o ambiente hospitalar é como uma grande companhia de aviação. Quando as coisas saem erradas nunca e por uma única causa. Há sempre uma cadeia de eventos que se articulam para uma tragédia. O caso de Canoas não pode ser encerrado como se tratasse apenas de uma fatalidade que acometeu pelo menos 11 famílias.
Não há apenas um culpado. E se houver não será apenas alguém que a polícia diz ser doente. Convenhamos, não podemos pedir a sociedade que aceite isso: Que é um risco calculado. Um custo de operação do mercado em saúde. É preciso que a cadeia de recursos de inteligência que estão envolvidos no atendimento tenha tempo, pessoal e remuneração adequada para monitorar todo o processo. Um duplo olhar sobre o que se faz e sobre o como se faz em tempo real. Este é o protocolo. Por isto existe supervisão de enfermagem.
Um importante cirurgião de transplantes de fígado propôs em revista de circulação nacional há algumas semanas atrás que se gravem os procedimentos cirúrgicos. Correto. Este é o grau mínimo de segurança que se deve oferecer a quem se entrega nas mãos de burocratas e trabalhadores da saúde. Desta caixa preta das cirurgias sairiam muitas lições sobre o trabalho em saúde e as condições em que ele é praticado.
Desta forma, não é complexo apenas o procedimento médico em uma instituição de saúde. Fatores externos com a jornada de trabalho dupla ou em várias instituições, falha no monitoramento das condições psíquicas dos membros da equipe, salários em atraso e assim por diante. Tudo interfere no resultado final e é por isso que eu me pergunto:
A sociedade que tem tanta curiosidade para saber das causas de um desastre aéreo (que afetam alguns milhares de pessoas todos os anos no mundo) tem a mesma curiosidade para saber o que ocorre com os cerca de 200.000 trabalhadores, no RS e dos nove milhões de trabalhadores saúde em todo o país?
Nós pagamos seguros de saúde e impostos para termos um bom atendimento, seguro e de qualidade. Mas será que as distorções nas condições de trabalho não colocam o segurado em risco?
Vejamos: Há distorções que obrigam os médicos (que recebem cerca de 5 mil reais por uma jornada de 20 horas semanais) a terem vários empregos para manter seu padrão de vida. Há a distorção que obriga a maioria dos trabalhadores intensivistas da enfermagem a trabalharem por cerca de 800 reais por mês para uma jornada de 36 horas semanal. Há os trabalhadores com salários atrasados. Há os trabalhadores que fazem manutenção sem o equipamento e insumos adequados. Há a falta de monitoramento e controle em relação ao conjunto de riscos a que estão expostos os trabalhadores da saúde como um todo.
Precisamos lembrar a sociedade que o setor a saúde há alguns anos ultrapassou a construção civil em número de acidentes de trabalho. Precisamos lembrar a sociedade que o Conselho Federal de Medicina publicou pesquisa em que se constata que as doenças da população em geral são de maior incidência quando considerada somente a população de profissionais médicos. Pasmem, há clinicas especializada em tratar médicos dependentes de substancias psicoativas.
E principalmente, o ambiente hospitalar é como uma grande companhia de aviação. Quando as coisas saem erradas nunca e por uma única causa. Há sempre uma cadeia de eventos que se articulam para uma tragédia. O caso de Canoas não pode ser encerrado como se tratasse apenas de uma fatalidade que acometeu pelo menos 11 famílias.
Não há apenas um culpado. E se houver não será apenas alguém que a polícia diz ser doente. Convenhamos, não podemos pedir a sociedade que aceite isso: Que é um risco calculado. Um custo de operação do mercado em saúde. É preciso que a cadeia de recursos de inteligência que estão envolvidos no atendimento tenha tempo, pessoal e remuneração adequada para monitorar todo o processo. Um duplo olhar sobre o que se faz e sobre o como se faz em tempo real. Este é o protocolo. Por isto existe supervisão de enfermagem.
Um importante cirurgião de transplantes de fígado propôs em revista de circulação nacional há algumas semanas atrás que se gravem os procedimentos cirúrgicos. Correto. Este é o grau mínimo de segurança que se deve oferecer a quem se entrega nas mãos de burocratas e trabalhadores da saúde. Desta caixa preta das cirurgias sairiam muitas lições sobre o trabalho em saúde e as condições em que ele é praticado.
Um hospital não é uma esquina escura no meio da noite onde os psicopatas espreitam a espera de suas vítimas.
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